Dawn Patrol
Megadeth –
Album: Rust in Peace (1990)
Thermal count is
rising
In perpetual
writhing
The primordial
ooze
And the sanity
they lose
Awakened in the
morning
To more air
pollution warnings
Still we
sleepwalk off to work
While our
nervous systems jerk
Pretending not
to notice
How history had
forebode us
With the
greenhouse in effect
Our environment
was wrecked
Now I can only
laugh
As I read our
epitaph
We end our lives
as moles
In the dark of dawn patrol
(Tradução) Patrulha do Amanhecer
Os termômetros
estão subindo
Numa escala
contínua
A lama
primordial
E a sanidade
que eles perdem
Acordados de
manhã
Para mais
alertas de poluição do ar
Ainda
solonentos vamos ao trabalho
Enquanto
nosso sistema nervoso estremece
Fingindo não
notar
Como a
história nos tem profetizado
Com a estufa
em consequência
Nosso meio
ambiente foi devastado
Agora eu só
posso rir
Enquanto eu
leio nosso epitáfio
Terminamos
nossas vidas como topeiras.
Na escuridão
da patrulha do amanhecer
________________________________________
Análise:
Iniciaremos
com alguns esclarecimentos: Primeiro, que esta canção figura dentro do álbum
como uma espécie de prelúdio para a canção “Rust In Peace... Polaris”; Segundo,
que de acordo com David Ellefson (que assina sozinho a letra e música, algo único para o Megadeth), ela fala sobre o mundo após uma devastação, que provavelmente seria por uma guerra nuclear, mas isso não é explicito.
Importante
definirmos que o ouvinte “ouve” a canção, nem sempre com os mesmos ouvidos do
seu compositor:
(...) o universo de recepção dos cantores, musicistas e
compositores e o universo de recepção da audiência mais ampla (os chamados
“ouvintes comuns”) não podem ser vistos de maneira dicotômica nem
generalizante, mesmo dentro do mesmo momento histórico, cuja configuração é
sempre complexa e nunca completamente determinada por forças estruturais que
estariam por trás dos fatos. (NAPOLITANO, 2005, P.83)
Nem sempre
a intenção por trás de uma composição será captada da mesma maneira pela
audiência, bem como o sentido original de uma certa composição se altera com o
passar dos anos, visto à pluralidade de interpretações que este tipo de
material está sujeito.
A canção
tem uma construção melodia muito simples, com uma linha de baixo e bateria
cadenciada, repetitiva, quase hipnótica durante os 1:50 minutos da música,
aliada a uma vocalização sinistra, dão um clima de suspense e certo terror à
faixa.
O texto
está escrito em forma de uma parábola fantasiosa, que leva o ouvinte para um
tempo e espaço deslocado, mas que ao mesmo tempo pode ser aplicado ao mundo
imediato. A primeira
estrofe traz os versos “Thermal count is
rising / In perpetual writhing”, que nos remete automaticamente ao problema
do aquecimento global.
A segunda
estrofe continua com o tom soturno “Awakened
in the morning / To more air pollution warnings”, e traz um choque entre
uma fantasia criada pela canção, mas o cotidiano, onde todos os dias o homem
comum vê nos noticiários (principalmente os matutinos) sobre a qualidade do ar
nas cidades (algo muito comum ainda hoje). As linhas que seguem, “Still we sleepwalk off to work / While our
nervous systems jerk”, dando indícios de como vive essa sociedade, que
acorda muito cedo (ainda sonolentos) para irem ao trabalho, enquanto a poluição
causa danos à saúde. Nota especial para a forma que o narrador repete a palavra
“nervous”, como se estivesse realmente com um “tique nervoso”.
Tal como as
análises do Kreator sobre o assunto, a canção do Megadeth também menciona o
passado que se repete quando cita “Pretending
not to notice / How history had forebode us”, mostrando que o homem parece
incapaz de aprender com os próprios erros, e pior, ainda finge não notar o que
está acontecendo. E a estrofe termina de maneira categórica, falando “With the
greenhouse in effect / Our environment was wrecked”.
A última
estrofe faz um resumo perfeito, tanto da ideia quanto do estilo da composição.
O sarcasmo contido em “Now I can only
laugh / As I read our epitaph”, onde o narrador dá até uma “risadinha” ao
declamar o primeiro verso. E a canção termina falando sobre viver a vida como
topeiras, ou seja, viver no subsolo, visto que a superfície não será mais
segura para a humanidade, e saindo ainda sob a escuridão, o que provavelmente
significa fugir dos efeitos nocivos da radiação solar.
Uma canção
muito icônica, que traz um pouco de ficção para tratar de temas reais, com uma
letra inteligente e de humor cítrico, faz o ouvinte refletir sobre viver num
mundo onde o meio ambiente foi destruído pela própria ação humana.
Referências bibliográficas
CHRISTIE,
Ian. Heavy Metal: a história completa. São Paulo: Editora Arx, 2010.
HOBSBAWN,
Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX (1914-1991). São Paulo; Companhia das
Letras, 1995.
NAPOLITANO,
Marcos. A História depois do papel. In PINSKY, Carla Bassanezi (org.) Fontes
Históricas. 2ª Edição, São Paulo: Contexto, 2010.
______.
História e Música: História cultural da música popular. 3ª Ed. Belo
Horizonte:
Editora Autêntica, 2005.
<http://www.megadethbrasil.com/materias/materia.php?id=2> acessado em 20 Jun 2011