When the Sun
Burns Red
Kreator – Album:
Coma of Souls (1990)
Savage heat is
searing
Global warming has begun
Mother Earth is reeling
No protection from the sun
Forest fires are raging
While the rivers turn to ice
Foolish man creating
Mother Nature's cruel demise
Global warming has begun
Mother Earth is reeling
No protection from the sun
Forest fires are raging
While the rivers turn to ice
Foolish man creating
Mother Nature's cruel demise
Hailstorms,
tornadoes
Cold spells, untimely frosts
Heat waves and blizzards
Global death's the cost
Cold spells, untimely frosts
Heat waves and blizzards
Global death's the cost
Faces
the end of time
As we plunge headlong towards the day
Can't deny the signs
When the sun burns red
The earth will turn
From blue to gray
As we plunge headlong towards the day
Can't deny the signs
When the sun burns red
The earth will turn
From blue to gray
Winter
turns to summer
Then the seasons disappear
No one needs a prophet
To explain what's all too clear
Oceans overflowing
Islands drowning everywhere
Leaders wouldn't admit it
Now they're crying in despair
Then the seasons disappear
No one needs a prophet
To explain what's all too clear
Oceans overflowing
Islands drowning everywhere
Leaders wouldn't admit it
Now they're crying in despair
Hailstorms,
tornadoes
Cold spells, untimely frosts
Heat waves and blizzards
Global death's the cost
Cold spells, untimely frosts
Heat waves and blizzards
Global death's the cost
Face the
end of time
As we plunge headlong towards the day
Can't deny the signs
When the sun burns red
The earth will turn
From blue to gray
As we plunge headlong towards the day
Can't deny the signs
When the sun burns red
The earth will turn
From blue to gray
Now rain shall wash away sad remains of man
Cities once so proud will crumble into sand
Buildings all collapse when all is done and said
The guilty ones will die with the innocent...
When the sun burns red
Quando o Sol queima vermelho (tradução)
O calor
selvagem é escaldante
O
aquecimento global já começou
A Mãe Terra
está cambaleando
Sem proteção
contra o sol
Os incêndios
florestais estão ferozes
Enquanto os rios virar gelo
Homem
insensato criando
morte cruel
da Mãe Natureza
Granizo,
tornados
Frentes
frias, geadas prematuras
As ondas de
calor e tempestades de neve
Morte Global
é o custo
Faces do fim
dos tempos
Como
mergulhamos de cabeça para o dia
Não se pode
negar os sinais
Quando o sol
queima vermelho
A Terra vai
transformar
de azul para
cinza
Inverno se
transforma em verão
Em seguida,
as estações desaparecer
Ninguém
precisa de um profeta
Para
explicar o que está tudo tão claro
Oceanos
transbordando
Ilhas
submergindo por toda parte
Líderes não
admitiriam isso
Agora eles
estão chorando em desespero
Granizo,
tornados
Frentes
frias, geadas prematuras
As ondas de
calor e tempestades de neve
morte Global
é o custo
Faces do fim
dos tempos
Como
mergulhamos de cabeça para o dia
Não se pode
negar os sinais
Quando o sol
queima vermelho
A Terra vai
transformar
de azul para
cinza
Agora a
chuva limpará os tristes restos do homem
Cidades
outrora tão orgulhosas desmoronarão na areia
Todos os
edifícios caem quando tudo é feito e dito
Os culpados
vão morrer com os inocentes ...
Quando o sol queima vermelho
________________________________________
Análise:
A questão
ambiental vinha tornando-se bandeira da contracultura desde o fim dos anos 60. E só analisarmos os movimentos hippies, por exemplo. Contudo, esses movimentos,
principalmente no âmbito musical, ainda estavam permeados de temas etéreos, por
influência dessa própria cultura.
A partir
dos anos 80, temos uma mudança na abordagem dos problemas ambientais, com a
proliferação dos grupos de defesa e leis mais duras acerca da degradação da
natureza, bem como a mundialização dessa discussão, pois com o fim do bloco
soviético verificou-se que a poluição, escassez de recursos naturais e ameaça à
vida do homem, eram um problema que transcendia as ideologias
político/econômicas e culturais.
Dentro
desse contexto, a canção “When Sun Burns Red” dos alemães do Kreator alerta
para um problema central dentro do movimento ambientalista: o aquecimento
global.
Expressões
como Efeito Estufa, Camada de Ozônio, CFC (clorofluorcarbono) tornaram-se
corriqueiras desde os telejornais até as cartilhas escolares. Rapidamente, o
mundo inteiro tomava ciência de estudos que apontavam para um aumento
exponencial da temperatura terrestre, o que poderia acarretar à existência
humana.
Antes de
continuarmos, vale ressaltar que não tratamos aqui de uma discussão sobre o
tema Aquecimento Global, e sim, sobre o impacto dele sobre a cultura e o
imaginário da época analisada.
A
partir de 1990, não houve assunto que
frequentasse com mais assiduidade as páginas de ciência da grande impressa,
tanto aqui (Brasil) como no restante do mundo, que o aquecimento global. (...)
Há inúmeras indicações de que esse aumento seja devido às atividades
humanas, principalmente aquelas que
envolvem a queima de petróleo e carvão, emitindo gases conhecidos como efeito
estufa. No entanto, o sistema climático é muito complexo, podendo haver outras
causas para as variações de temperatura observadas, de modo que a relação
direta de causa do efeito estufa na atmosfera do século XX e o aumento da
temperatura nesse mesmo período continua sendo objeto de estudo e debate entre
os cientistas. (OLIVEIRA, 2008)
Dito
isso, vejamos o discurso contido na canção, que enfatiza a preocupação do homem
comum, bombardeado com notícias catastróficas todos os dias sobre os efeitos do
aquecimento global durante o início dos anos 90.
As duas
primeiras linhas já dizem diretamente sobre o tema, quando fala do calor
escaldante e que o “aquecimento global já chegou”. Essa visão absolutamente
fatalista, estava apoiada em ideias amplamente baseadas no primeiro relatório
da IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas) de 1988, o clima do planeta subia de maneira acelerada, o que
causaria efeitos desastrosos, como enchentes, secas, aumento do câncer de pele,
calor intenso em partes do globo e frio intenso em outras.
A letra
continua falando sobre detalhadamente sobre as consequências do efeito estufa,
tais como a destruição da camada de ozônio quando diz "Mother Earth is reeling / No protection from
the sun". E aqui temos mais uma característica das músicas do Kreator,
que é mistura entre o real e o sobrenatural. Quando se refere à “Mãe Terra”,
remete a ideia de povos que cultuam a Terra como uma divindade (inclusive,
remetendo aos próprios hippies dos anos 60).
O bridge traz uma sequencia de desastres
ambientais, como resultado do aquecimento global, e nos leva ao refrão
fatalista, iniciando com a frase "Faces
the end of time", mostrando que o ser humano estava encarando um
período de destruição. O refrão termina ratificando o tom fatalista, dizendo
que o planeta vai queimar até virar cinzas: "When the sun burns red / The earth will turn / From blue to gray"
Os
efeitos da alteração climática continuam enumerados na letra, e de tão claros,
não precisam de “profetas” para alertar o que está por vir: "No one needs a prophet To explain what's all
too clear". A segunda
estrofe termina, como característica do Kreator, com uma crítica à inércia dos
governantes quando diz "Leaders
wouldn't admit it / Now they're crying in despair"
A última
estrofe conclui mostrando que o planeta será destruído, e a raça humana terá
desaparecido, enquanto suas cidades e monumentos vão se degradar: "Now rain shall wash away sad remains of man
/ Cities once so proud will crumble into sand / Buildings all collapse when all
is done and said". E a letra finaliza com mais uma crítica fatalista, como
todo o tom da canção, quando diz "The
guilty ones will die with the innocent...When the sun burns red", ou
seja, no fim de tudo, os que causaram, os que deixaram e os que não tiveram qualquer
ação sobre o aquecimento global, vão se sujeitar à destruição da humanidade da
mesma forma.
A parte
melódica é muito bem trabalhada para dar à letra a dimensão fatalista. A
começar pelo início acústico, com uma melodia inquietante, que deixa o ouvinte sob tensão, numa espera angustiante sobre o que vai acontecer. E então entram as guitarras elétricas com
seus riffs frenéticos, juntamente com a bateria que parece uma avalanche sonora. E de
repente, um grito totalmente raivoso se rompe entre os instrumentos, dando um
ar desesperador à canção.
A música
segue esse andamento acelerado até a parte dos solos de guitarra, quando o
andamento entra num ritmo mais cadenciado para cantar a última estrofe,
retornando ao ritmo frenético para o encerramento da canção.
Como dito
logo no início, a canção nos serve como um registro para analisar preocupações
da época, e não para discutir se as análises acerca do aquecimento global estão
certas ou erradas. O mais valioso no discurso em “When the Sun Burns Red” é a
forma como o Kreator absorveu toda uma preocupação acadêmica e cotidiana da
época, e como isso influenciou as pessoas a partir de então.
Ainda em
2014 estamos longe de chegar a uma conclusão sobre as causas do aquecimento
global, pois existem teorias variadas todo o tipo de justificativa (fatalistas,
céticos, ambientalistas, industrialistas, direitistas, esquerdistas, e por ai
vai). O que não se nega, evidentemente, é que o ser humano é o único que pode
fazer algo a respeito, seja para evitar, seja para contornar a situação, criada
por ele ou não.
Referencias:
CHRISTIE,
Ian. Heavy Metal: a história completa. São Paulo: Editora Arx, 2010.
HOBSBAWN,
Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX (1914-1991). São Paulo; Companhia das
Letras, 1995.
MONIZ
BANDEIRA, Luiz Alberto. A Reunificação da Alemanha: do ideal socialista ao
socialismo real. 3ª edição, São Paulo: Editora Unesp; 2009.
NAPOLITANO,
Marcos. A História depois do papel. In PINSKY, Carla Bassanezi (org.) Fontes
Históricas. 2ª Edição, São Paulo: Contexto, 2010.
______.
História e Música: História cultural da música popular. 3ª Ed. Belo
Horizonte:
Editora Autêntica, 2005.
OLIVEIRA,
Simone Maria de Barros. Base Científica para compreensão do Aquecimento Global.
in VEIGA, Jose Eli da. (org) Aquecimento Global. São Paulo: Editora Senac; 2009
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